sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sinal dos tempos - Ednardo



 "Em meu estoque de propósitos não está disponível vender o que não ofereço, nem existe vaga para compradores de meus sonhos. Acho que caminho à minha própria luz e não está em minhas preocupações obter massificação ao custo da integridade artística ou do que possa aviltar aquilo em que acredito"( Ednardo)


Pescamos uma ótima matéria sobre Ednardo do site www.revistabula.com, que traz uma entrevista com este grande compositor. Aqui postamos a introdução da entrevista e uma de suas  belas canções, "Sinal dos tempos" gravada com Belchior


Quem não se lembra de “Pavão Misteryozo”, “Artigo 26”, “Terral” e “Enquanto Engoma a Calça”? Bastariam essas quatro canções — sucesso de público e crítica — para inscrever o cearense Ednardo entre os grandes músicos da MPB. Ao lado de Belchior, Amelinha e Fagner, ele foi um dos integrantes do Pessoal do Ceará, grupo que, a exemplo dos Novos Baianos de Moraes Moreira & Cia., reabriu o caminho do Nordeste na música popular brasileira, depois do sucesso do tropicalismo de Caetano e Gil.

Natural de Fortaleza, onde nasceu em 1945, José Ednardo Soares Costa Sousa estudou piano e violão na juventude e graduou-se em química pela Universidade Federal do Ceará. Em 1972, gravou seu primeiro disco (um compacto duplo), com a cantora Eliana Pittman. No ano seguinte, juntamente com Rodger e Teti, gravou o disco Pessoal do Ceará, que iria tornar nacionalmente conhecido o movimento que se iniciara no final da década de 60. Radicando-se em São Paulo, com outros integrantes do Pessoal do Ceará, apresentou-se em programas da TV Cultura.

Mas o sucesso veio em 1976, com a música “Pavão Mysteriozo”, trilha sonora da novela Saramandaia, da Rede Globo. A partir daí, Ednardo firmou-se como um dos ícones da nova música nordestina, que tomou conta das rádios do país na primeira metade da década de 80, até que o rock nacional e, depois, a música sertaneja e o axé, viessem a expulsá-la da mídia. Ednardo, como outros grandes músicos brasileiros, deixou de tocar no rádio. Mas sua música indelével manteve o público fiel. Não só no Brasil, mas também na Europa, na Ásia, nas Américas.

Com 32 anos de carreira em disco e mais de 250 músicas gravadas, Ednardo manteve-se fiel a uma proposta estética que prima pela qualidade, fundindo o regional e o urbano, a sofisticação e a singeleza. Em 2002, ele juntou-se a Belchior e Amelinha para reviver o Pessoal do Ceará, num disco que leva esse nome. O CD traz os clássicos do grupo e duas canções inéditas, entre elas a bela “Mote, Tom e Radar”, do próprio Ednardo. Antes, em 2000, ele lançou o disco Única Pessoa, em que mostra o seu lado de intérprete.


É preciso Atravessar lá fora
Um corredor um rio da história uma revolução
O caos de uma palavra nova, um sim e um não
Que nos faça acordar


Sinal Dos Tempos ( Ednardo)

É preciso fazer uma canção
Um trato, uma entrega, uma doação
É preciso a chuva escura, a noite
A solidão
É preciso tudo agora
Um dissabor uma vitória uma confissão
A voz de um instrumento e a tua mão
Que nos faça acordar
Sim
Meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar mais que mil pés
Onde Netuno traça o rumo das marés
É preciso acertar a direção dos pés
Quando os velhos caminhos se esgotam
E os tempos não voltam
Não voltam
É preciso alcançar outra estação
Mesmo com sono mesmo cansado solto como um cão
É preciso o sol e a rua a tarde
A multidão
É preciso Atravessar lá fora
Um corredor um rio da história uma revolução
O caos de uma palavra nova, um sim e um não
Que nos faça acordar
Sim
Meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar... 

Gravação de Sinal dos Tempos com participação de Belchior



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