Em homenagem aos 20 anos sem Sérgio Sampaio, o blog reproduz a matéria do jornalista Leandro Reis do jornal GazetaOnline que destaca as homenagens que serão realizadas este ano para o genial maldito Sérgio Sampaio:
Visceral,
poeta, gênio. Incompreendido, injustiçado, marginalizado. Turrão,
teimoso, irascível. Maldito. Os epítetos para definir Sérgio
Sampaio são muitos, e nenhum deles dá conta da figura mítica do
músico cachoeirense. Os clichês, na verdade, vêm feito muletas, no
amparo do desconhecimento de uma obra faustosa, ainda relegada ao
subterrâneo do imaginário nacional. Vinte anos após sua morte –
ele foi vítima de uma crise de pancreatite, derivada do abuso de
álcool –, completados hoje, uma série de projetos têm tentado
resgatar do limbo o nome de Sampaio, desde shows com seu repertório
e página na internet a gravações de faixas inéditas.
O
movimento coletivo de revisita a Sampaio conheceu início forte em
1998, quando Sérgio Natureza, parceiro e amigo do capixaba, reuniu
nomes como Lenine e João Bosco no “Balaio do Sampaio”. Daí
vieram discos relançados por Zeca Baleiro, shows dentro e fora do
Espírito Santo, bloco de carnaval e festivais em tributo ao
conterrâneo de Rubem Braga.
Agora,
uma nova safra de projetos bate à porta do segundo semestre deste
ano. Quase todos têm o dedo de João Sampaio, filho do cantor. A
iniciativa mais completa é o site “Viva Sampaio”, que pretende
compilar depoimentos de amigos e familiares, análises da obra,
manuscritos e outros materiais. O projeto deve sair em dois meses.
“As pessoas se sentem incomodadas com o fato de o Sampaio não ter
o reconhecimento que ele merece. É aquela coisa a que nós estamos
acostumados aqui: o sentimento de falta de memória”, opina João.
O
filho de Sampaio é o motivo da faixa “Menino João”, lançada de
modo inédito na web, na voz de Inara Novaes, arranjos de Tiago Gomes
e direção musical de Daniel Obino e João Sampaio. A música nasceu
em 1984, um ano após o nascimento do filho no Rio de Janeiro.
“Quando eu estava com ele, era a minha libertação. Não tinha
hora pra nada: comia bala o dia inteiro, almoçava às quatro da
tarde, tomava refrigerante antes do café da manhã. Ele me permitia
viver a vida desregrada que ele vivia.”
João
lembra que, apesar do nome de Sérgio Sampaio gravitar em seu
personagem controverso, sua convivência com o pai revelava uma
figura muito mais humana do que mítica. “Ele sempre foi
superatencioso, até quando foi morar na Bahia. Em casa, não havia
esse personagem meio Tim Maia. Sampaio foi o cara que me iluminou com
as música dele”, diz Um lançamento que apreende a humanidade
de Sergio Sampaio é a biografia “Eu Quero é Botar Meu Bloco na
Rua”, de Rodrigo Moreira, com terceira edição planejada para a
segunda metade do ano. O biógrafo atribui o recente interesse pela
obra do capixaba a seu aspecto contemporâneo.
“O
material que ele escreveu não está datado. Letra e música podem
ser absorvidas hoje sem soar anacrônicas”, explica Rodrigo. Para o
autor, Sampaio vagou pelas ruelas da MPB por sua postura diante do
controle mercadológico. “Ele não era fácil de se dobrar aos
esquemas comerciais. Não se vendeu, continuou fiel a seus
princípios, à sua própria história. Com o tempo, as gravadoras
não deram mais chance pra ele.”
Rodrigo
afasta a pecha de “maldito” do compositor cachoeirense. “Isso
fazia sentido em 1970, mas depois se tornou uma coisa prejudicial.
Sampaio não é ‘maldito’, não. Ele é um bendito.”
Os
lançamentos
Biografia
A
terceira edição de “Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua”, de
Rodrigo Moreira, lançada pela primeira vez em 2000, está prevista
para sair no segundo semestre deste ano. Ampliada, a obra terá novas
informações e outros depoimentos de quem conviveu com Sampaio.
Documentário
O
jornalista Chico Regueira está produzindo um documentário sobre a
vida do músico capixaba. A ideia de Regueira, segundo o filho de
Sampaio – óbvio colaborador do filme –, é finalizar ainda em
2014 e lançar “na marra” em breve.
EP
De
três dias de gravações em um estúdio carioca, nasceu um EP com
seis músicas de Sampaio, metade na voz de Inara Novaes e a outra
parte comandada pelo violonista Tiago Gomes. O disco também deve
sair neste ano, com alguns shows para divulgação.
Site
Principal
projeto entre os tributos a Sérgio, o site “Viva Sampaio”, ainda
em construção, vai reunir cifras, videoaulas, depoimentos,
análises, documentos, fotos e vídeos do cantor. Para o conteúdo
todo ficar pronto, segundo o filho João, faltam cerca de dois meses
de trabalho. Acesse: vivasampaio.com.br
Turnê
Após
dois shows em abril, Chico Salles volta em junho ao Estado para
apresentar “Sérgio Samba Sampaio”, em Linhares (dia 06),
Montanha (dia 07) e Afonso Cláudio (dia 08).
Vinil
Um
show que Sérgio Sampaio fez no Cine Metrópolis, na Ufes, em 1993,
vai virar disco de vinil. O lançamento está em fase de captação
de recursos, mas deve acontecer ainda em 2014.
Show realizado ontem em Porto Alegre homenageando Sérigio